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Escrito por Romina Sejas - 5 de novembro de 2024

Entrevista com Mercedes Rodriguez

Representante da América Latina no Programa Next Billion Fellowship

Por Romina Sejas
Nesta entrevista, Mercedes, uma ativista venezuelana e colaboradora do ecossistema Ethereum, compartilha sua experiência no Next Billion Fellowship Program da Fundação Ethereum. Ela fala sobre sua trajetória, seu projeto de pesquisa sobre a adoção de cripto na Venezuela e o impacto de Ethereum em sua vida e comunidade. Através de sua história, conhecemos a importância da representação latino-americana nesse espaço e sua dedicação em inspirar outras pessoas a construírem em suas comunidades.
Romina Sejas: —De onde você é?
Mercedes: —Sou da Venezuela, de Maracay, uma pequena cidade a duas horas de Caracas.
R.S.: —Como você conheceu o Ethereum?
Mercedes: —No início da pandemia, eu trabalhava no setor de ONGs e partidos na Venezuela. Comecei a estudar aplicações tecnológicas no campo humanitário e foi assim que conheci o ecossistema cripto. Meu primeiro contato real foi com o Ethereum, por seu foco em soluções além das aplicações financeiras. Alguns meses depois, tive a oportunidade de trabalhar em um projeto web3 e me dedicar totalmente ao ecossistema. Desde então, não olhei mais para trás.
R.S.: —O que é o Next Billion Program?
Mercedes: —O Next Billion Fellowship Program da Fundação Ethereum é um programa dedicado a destacar as histórias de pessoas que estão construindo com Ethereum em suas comunidades. Os projetos são diversos e abrangem desde produtos e projetos comunitários até pesquisa e visibilidade, como no meu caso.
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Mercedes foi selecionada como “fellow” do programa em 2024.
R.S.: —Por que você decidiu se candidatar?
Mercedes: —Durante o Devconnect, compartilhei momentos com os fellows da terceira coorte do programa e me apaixonei pelo foco nas histórias pessoais. Após várias conversas com outros fellows e de ler as bases, decidi me candidatar.
R.S.: —Você foi selecionada entre mais de 180 candidaturas de todo o mundo. Por que você acha que foi escolhida?
Mercedes: —Sinceramente, ainda não acredito! O fellowship foca tanto na qualidade do projeto quanto na história pessoal dos fellows. Venho de um país sob ditadura, com experiência em direitos humanos. Acredito que minha história ressoou com a intenção do programa. Além disso, acho que há uma baixa representação da América Latina; muitos me disseram que não aplicaram por barreiras linguísticas ou síndrome do impostor. Acredito que os fellows latino-americanos podem incentivar mais pessoas a acessarem esses espaços.
R.S.: —Qual é o seu projeto no programa? Como surgiu a ideia?
Mercedes: —Estou elaborando um research paper sobre o impacto da adoção de cripto na Venezuela, focando em pequenas comunidades e organizações. A ideia é mostrar como o ecossistema web3 transformou a vida das pessoas e como projetos comunitários têm a oportunidade de participar de rodadas de financiamento ou receber doações em cripto. Isso é crucial na Venezuela, onde todas as ONGs e organizações civis foram ilegalizadas e têm poucas opções para acessar recursos sem colocar em risco sua segurança.
R.S.: —Como foi sua experiência no processo de seleção? O que você aprendeu?
Mercedes: —O processo foi um dos mais exigentes que já vivi. Incluiu várias entrevistas, a construção de um projeto claro e mensurável, e a apresentação de referências pessoais. Inicialmente, eu queria trabalhar com onboardings para líderes comunitários e ativistas. No entanto, dada a situação política na Venezuela, a Fundação expressou preocupação com minha segurança. Após conversas com a equipe do Next Billion, surgiu a ideia para o projeto de pesquisa. Aprendi que dar o primeiro passo é essencial; o resto é consistência e visão.
R.S.: —Por que as pessoas deveriam participar deste programa?
Mercedes: —Um dos grandes mitos na América Latina é que, para crescer no ecossistema, você precisa ir para outro país. A representação latina nessas iniciativas ajuda a visibilizar o trabalho daqueles que escolhem construir dentro de suas comunidades, mesmo em contextos desafiadores. Isso ajuda a mudar a narrativa de que o sucesso no ecossistema só pode ser encontrado em países “desenvolvidos”.
R.S.: —Gostaria de acrescentar algo mais?
Mercedes: —Um dos meus princípios é retribuir à comunidade tanto quanto recebo. Em breve, colaborarei com a "Escola de Governo Mercedes Pulido" em um projeto gratuito para educar líderes comunitários e ativistas sobre blockchain. Começaremos com um piloto para ativistas venezuelanos, mas nosso objetivo é expandir em 2025. Se alguém quiser contribuir como mentor ou ensinar um tema específico, por favor, entre em contato!
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